1 A Conferência Mundial sobre Políticas Culturais, realizada no México em 1982, produziu um entendimento comum sobre o conceito de cultura, como sendo "o conjunto dos traços distintivos sejam materiais, espirituais, intelectuais ou afetivos que caracterizam um determinado grupo social.
Além das artes, da literatura, contempla, também, os modos de vida, os direitos fundamentais do homem, os sistemas de valores e símbolos, as tradições, as crenças e o imaginário popular."
Numa perspetiva da simbolicidade da cultura, constatamos que, desde a construção do Monumento à Paz, na cidade do Luena, até à inauguração, a 17 de Setembro deste ano, do Memorial Doutor António Agostinho Neto, em homenagem ao primeiro Presidente de Angola, o património histórico cultural da República de Angola vem se modernizando e atualizando em conformidade com a era de desenvolvimento socioeconómico que o país vive.
No ato de inauguração, a ministra da Cultura afirmou que o monumento "desempenhará, no campo da cultura angolana e, provavelmente do mundo, o papel dos grandes templos", tendo acrescentado que o Memorial "refará e rebuscará a tenacidade, a capacidade e o pulsar milenar do homem angolano, e contribuirá, sobretudo, para a construção da identidade nacional moderna."
2 Angola e os angolanos inauguram, assim, neste ano de grandes mudanças político-sociais no país, uma nova era cultural, em termos do seu património cultural material histórico, com estes monumentos que, pela sua característica de repositório de valores ligados a lugares culturais também se assumem como património imaterial a ser transmitido de geração em geração e suscetíveis, por isso, de gerar aquele sentimento de identidade que a ministra referiu.
Com o ato inédito no país de empossamento do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, eleito no voto do dia 31 de Agosto, o simbolismo de património imaterial do Memorial se completou com o ritual ali realizado, e marca o transmitir de um legado histórico iniciado nos degraus do nacionalismo e continuado na democratização da Nação Independente.
3 Assim, o país, que teve como primeiro Presidente um Poeta, conserva na memória coletiva dos cidadãos e no alicerçar quotidiano das instituições, a indissolúvel unidade entre a cultura e a política que caracterizou a luta de libertação nacional e hoje ganha foros de tradição a preservar.
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