"Despir a Pele" projecta para além do acrílico melocromático da tela a (de)composição antropogeométrica do espaço, numa desintegração onírica, ficcional, do real. Também se pode dar corpo à ideia de uma antropognoseologia do espaço.
O ritual pictórico dessa antropognoseogeometria estigmatiza a solidão perene de metais, numa orgia metálicoplástica do traço e da cor.
A nudez orgânica do sentimento de ser homem perante o olhar epidérmico das coisas é apenas sugerida, porque os traços de ancoragem conquistam no(s) contexto(s) do tempo/espaço/significação simbólica a plena desarrumação da alma dos seres em estado de submissão controlada na tela.
O sujeito pictórico é afinal ele próprio quem se despe da pele, dos ossos, do espírito criador, quem se reduz alguns membros do corpo, para inaugurar um croquis de intenso domínio onde já não há separação metafísica entre natureza morta e natureza viva.
Quando se abandona a ilusão de óptica do conjunto fica dentro de alguém (eu?) uma interrogação escatológica: o que é o homem nesta infinita multiplicação do vazio?
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