À medida que a inteligência artificial (IA) se entrelaça cada vez mais com o tecido das nossas vidas diárias e dos processos empresariais, surge uma questão importante e válida: estamos a progredir no campo da ética tecnológica à mesma velocidade que estamos a inovar?
Persigo, incessante, mais um instante para privilegiar o sossego. Para a parte maior da raça humana, pondero tratar-se da necessidade que se vai evidenciando quando a tarde eiva as objectivas da vida. Rastos de águas passadas há muito direccionam o moinho para a preciosidade do tempo.
Assumo ser a mácula teimosa no pêlo branco que reveste o urso dos polos. O meu intenso senso pelo espectro vulgar nos lugares onde a natureza cristalina reina, demonstrado na alergia à inconveniência, não raras vezes madrugou na minha vida.
Ele segura as rédeas que justificam a devolução do peixe ao próprio habitat; a paciência exigida durante o processo em que a água triunfa sobre a rocha; assim como a tristeza que a sorte sente ao voltar à casa sem a correspondência ao seu sorriso.
O sentido da avaliação que se vem fazendo a respeito da sociedade pende à degradação, cujo incremento mostra seguir as pegadas do tempo ao pé da letra. Somam-se os dias, também os enterros das capacidades que asseguram a distância entre o homem e os seres agrupados sob o padrão da irracionalidade.
Mal-aventurado seria quem concordasse com a regressão da sociedade nessa perspectiva, alheando-se do seu viveiro. A família, por sua vez, tem na mulher a linha mestra. Amiúde, as acções que o ser em questão protagoniza na respectiva família (ou com implicações familiares) ultrapassam as do homem, no âmbito da profundidade, no quesito da perpetuação e etc. O declínio da mulher dita a sentença da família.
Acredito ter sido apresentada uma das questões mais decisivas para qualquer homem que se preze.
"Todo alguém/ Tem um sonho bom/ p´a realiza/ Cada alguém/ Eh um inspirasom/ Um estrela ta brilha..." Canta a Kady, cidadã cabo-verdiana detentora de créditos animadores no campo da música”, por via do meu telemóvel para me mover do leito. Desligo o despertador meio tonto e um tanto quanto surpreso.
Por alguns instantes elásticos assisto, ainda sobre a cama, à discussão entre o sim e o não de olhos sob a venda. Imperiosa, ao balanço do feitio cuja formação precedeu a minha saída do uterino casulo, a voz da responsabilidade interrompe a mangonha. Num ápice, me levanto e avio-me com o intento de contribuir para o desenvolvimento do país, rico e belo, qual a máxima inculcada ciclicamente aos infantes.
Enquanto timbro diversos objectos com as impressões digitais, faço questão de me deixar flutuar pelo embalo de quetas que se irmanam pela densidade poética das letras; em virtude da fertilidade de desencadear lembranças terapêuticas; assim como em função da tão suave sensação que a combinação dos instrumentos musicais inspira.
Em síntese, músicas que encostam o meu astral ao firmamento. A aurora dos dias anuncia desafios. Por via de regra, espera-se, nesse período em que o Sol espreita o mundo preso nas amarras da timidez, que os planos essenciais para a materialização dos maiores desideratos sejam submetidos a um leque incalculável de adversidades, emergentes em passagens à beira de precipícios, situações cuja fama muito devem à sucção de energias e óbices que vêm à tona por existirem entes especializados em fazer experiências com a paciência de tantos outros.
Antes de acrescentar marcas aos caminhos, às ruelas; ruas e avenidas fazendo recurso às plantas do meu pé, abrem-se os dicionários e as palavras relativas à meiguice soltam-se das próprias páginas.
A rosa de veludo caule multiplica-se em milhares de pétalas dentro da pequena casa onde habito, como se fosse a última fase de um processo, como se se tratasse da garantia do meu regresso, ou ainda como se ela me quisesse feito sua sombra. Escolta os meus passos até à porta. Inclina os respectivos ombros ao aro da porta. Molha-me inteiro com o seu olhar. Devolvo-lhe o olhar.
Nesse micro - troço temporal percebo que é sereno, inocente, abundantemente pulcro, o olhar dela. O preto e o cor-de-rosa desenham a harmonia nos seus grossos beiços ao detalhe. Ela junta-os aos meus com volúpia para apressar o adeus. A rosa de veludo caule envolve a minha vida num sossego que se suspeita haver somente no paraíso. Graças a este estado de ânimo, as noites já não têm o mesmo poder em azedar os dias.
A noite já seguia madura o seu percurso. Há muito que a tarde havia deposto as armas e o dia dormia, inúmeros filhos fazem quando a própria mãe cedo se levanta, todos os dias, a fim de tratar do asseio de casa, começando por varrer o quintal e arredores.
Embora dando a impressão de ter sobrevivido a uma colisão, pelo que se notava em falta, a Lua exibia-se com o nariz empinado. Talvez tivesse tomado tal atitude, apenas para evitar perguntas.
"Não estamos a provocar a aparição de fantasmas?" Sem enviar estímulos às cordas vocais, questionei-me quando a localização do espaço arrendado para a festa em que eu tinha sido convidado cordialmente apresentou-se a mim de maneira clara.
No meio dos demais convidados, gaudiosos ao rubro, as paredes do meu coração deixaram-se substituir por placas de gelo, porque me parecia loucamente convincente que a celebração do casamento tivesse lugar num salão acusado de roubar tantos metros a um antigo cemitério. Na entrada do salão - onde era notável o cor-de-rosa brando, o cinza e o branco a sobressaírem diante da interna decoração temática- procurei coragem para me despedir, mas fui ao encontro do impossível.
A escolha de alguém, propositadamente no sentido de partilhar a alegria relacionada a eventos singulares, representa funda consideração, admiração bem adocicada com aromas do poder celestial. Seria (quase) imperdoável que uma gentileza de tal magnitude recebesse a indiferença, ou até a ofensa, em troca.
Então,
não tive outra chance se não adentrar e permanecer no salão de festas, nem que
por magros minutos. Entrei longe de imaginar que a fragrância da rosa de veludo
caule, ali mesmo, inauguraria novel era na minha memória.
*Estudante de Relações Internacionais.
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