O Festival Internacional de Jazz, agendado para decorrer de 30 deste mês a 1 de Maio, na Baía de Luanda, tem já confirmada a participação de 40 músicos, entre nacionais e estrangeiros, e o regresso da exposição de artes visuais com obras de 23 artistas plásticos, anunciou, sexta-feira, em conferência de imprensa, no Centro de Imprensa da Presidência da República, CIPRA, o porta-voz da Bienal de Luanda, Neto Júnior.
O artista plástico, João Cassanda, com a obra “Mumuíla Feliz”, e o escultor Virgílio Pinheiro, com a escultura “Piéta Angolana”, são os vencedores da 17.ª edição do Grande Prémio ENSA-Arte 2024, tendo arrebatado uma estatueta e um cheque no valor de seis milhões de kwanzas.
Os grupos carnavalescos da Torre do Tombo e União Saydi Mingas , dos mais antigos e competitivos de Moçâmedes, província do Namibe, asseguraram o seu foco na continuação da tradição de viver e dançar o Carnaval , preservando assim o legado deixado pelos seus fundadores, como uma forma de honrar a sua memória.
Em declarações ao Jornal de Angola, o vice-presidente do grupo da Torre do Tombo, Ricardo Jorge, pertencente à terceira geração e quem exerceu a função de Comandante durante 35 anos, conta que a fundação da organização data da década de 1940 , em Moçâmedes , com o nome de "União”, e teve, como impulsionadores António Baraço, a sua esposa, Cipriana Baraço, e, como rainha, Maria Etelvina. Nos anos 50, o grupo foi desfeito por vários motivos e surgiu posteriormente com nova designação, "Formiga”, "Planta macunde formiga come”, tendo como principais responsáveis um conjunto de senhoras, onde se destacaram Palmira de Lourdes, Mapelo, Cambundo, Helena Tanganica, Laurinha, Rosária, e muitas outras. Ricardo Jorge conta que, no mesmo período, também, surge outro grupo, denominado " Evita”, mas a partir de 1967 desaparece, e em Fevereiro de 1968 passa a designar-se " Ritmos do Namibe”, sob o comando do Major, o maestro.
Esclarece que foi em 1978, com a realização da primeira edição do Carnaval da Vitória na província do Namibe, quando o grupo passa a denominar-se "Grupo Carnavalesco da Torre do Tombo” e conheceu novos presidentes, tais como João Inana (em memória), Hélder Alburquerque, Paulo Jorge e ele, Ricardo Jorge, como comandante.
Ricardo Jorge revela que nas exibições do grupo têm primado pela dança semba, juntada à varina e à rebita, tendo como lema "Nós Somos os Lobos do Mar que por Terra Viemos a Navegar”.
Com a grande experiência adquirida ao longo dos anos no modo de dançar o Carnaval, disse, têm conseguido várias premiações, com destaque para as conquistas nos anos de 1995, 96, 97, 98, 99, 2000, 2001, 2004, bem como as de 2010 , 2011, 2014 e a de 2016, em que arrebataram o título de melhor comandante; ainda em 2011 foram galardoados com Melhor Dança, Bandeira, Canção, Rainha, Coroa e Alegoria, e em 2015, com Melhor Coroa e Comandante novamente.
No ano de 2013, sublinhou,o grupo foi homenageado pelo Ministério da Cultura de Angola e, desde a sua fundação, já conquistou 17 troféus, que o torna, actualmente, na agremiação com mais títulos conquistados da província. Congrega um total de 512 elementos e tem, como o seu maior rival de todos os tempos, o grupo "Forte Santa Rita”, também de Moçâmedes.
Ricardo Jorge falou ainda da sua experiência activa no grupo, informando que ingressou em 1973, por influência dos seus pais e familiares enquanto criança, tendo sido mobilizado para dar sequência ao legado dos antepassados. Alega que, enquanto comandante, sentia a grande responsabilidade de fazer acontecer tudo ao grupo, pois tinha a missão de o manter unido e animado para entrar na tribuna.
"Chefiar um grupo como o da Torre do Tombo não é fácil, é preciso ter, primeiro, o espírito carnavalesco na veia e, depois, autoridade. Bebi isso dos mais velhos, aprendi, continuo a aprender e espero passar este legado às novas gerações, porque este é um grupo histórico, onde a tradição está semeada e enraizada para muitos séculos”, ressaltou.
Associação Provincial do Carnaval
A Associação Provincial do Carnaval do Namibe (APROCAN), entidade organizadora dos desfiles carnavalescos da província, assegurou, ontem , em Moçâmedes, que a edição de 2024 conta com a inscrição de 14 grupos, dos quais 9 de adultos e 5 de infantis, dos municípios da Bibala, Tômbwa, Virei e Moçâmedes, sendo este ultimo o que conta com o maior número de inscritos.
De acordo com o porta-voz da APROCAN, Manuel Cavandji, a presente edição conta com um apoio total de 3 milhões de kwanzas do Ministério da Cultura, tendo sido decidido e aprovado por unanimidade que cada grupo de adultos deve receber cerca de 210 mil kwanzas e os infantis 120 mil.
"Os valores referidos já foram disponibilizados a todos os grupos participantes. Neste momento, estamos à espera do financiamento por parte do Governo Provincial, que já nos comunicou que o apoio para os prémios foi assumido pelo Porto do Namibe, que em tempo oportuno anunciará os grupos”, avançou.
Acrescentou que o desfile deste ano está previsto para 13 de Fevereiro, na Marginal da Baía de Moçâmedes e vai estar acompanhado de várias novidades, a destacar o retorno do grupo Facada, retirada da alegoria na classificação, animação dos blocos da Educação, Juventude, Governo Provincial, Saúde, Desporto,INEFOP e Associação Provincial das Empresas Pesqueiras.
"Neste momento temos tudo preparado para o grande dia. Temos estado a fazer visitas de constatação aos locais de ensaio dos grupos que vão garantir a festa na maior manifestação cultural da província, restando-nos apenas felicitar a persistência da organização em querer manter vivo o nosso desfile, apesar das dificuldades financeiras que o país atravessa. O Carnaval é festa, vamos todos vibrar com alegria”, apelou.
Os grupos de desfiles voltam às competições nesta edição de 2024 a nível da província do Namibe, depois da paralisação por um período de três anos, devido à falta de apoio e por influência da pandemia da Covid-19 que assolou o mundo.
Grupo Saydi Mingas
Do grupo União Saydi Mingas, o Jornal de Angola conversou com Drupe Carmo, actual responsável pela indumentária, tendo declarado que pertence ao grupo desde a sua fundação, em 1981, em Moçâmedes, pelos moradores do bairro "Saydi Mingas”, na altura, com 8 anos de idade. Disse que, na sua vaga memória, recorda que o conjunto tem como fundador Paulo Domingos, ainda em vida, que reuniu um total de aproximadamente, 70 crianças e jovens para formar o designado "Grupo Carnavalesco da OMA”, com o andar dos anos passou a ser infantil sob o nome "Grupo Carnavalesco Saydi Mingas”. Nos anos 2000, incorporou-se ao grupo a Escola 4 de Fevereiro, que lhe permitiu ganhar cerca de 7 títulos consecutivos e, mais tarde, foi dada a abertura do grupo de adultos, que ganhou o nome usado até hoje.
Drupe Carmo disse que, se lembra ainda que, nos primeiros anos de existência, a organização promovia, anualmente, actuação de batucadas, danças com várias alegorias ao redor do bairro e nas artérias da cidade, na qual sempre teve a oportunidade de ser escolhido para carregar a famosa água da kapuita, um símbolo tradicional importante da história do grupo.
Realçou que, dadas as suas origens, focam-se nas actuações em competições infantis e desde a fundação, continuam a ser o grupo carnavalesco infantil com mais títulos conquistados a nível da província do Namibe, e além de possuirem um histórico de actuações em desfiles no Cunene, em representação dos seus hábitos e costumes , apesar de, como grupo de adultos e terem apenas conquistado o terceiro lugar durante várias competições.
"O União Saydi Mingas é versátil, nós não temos uma única linha, apenas preservarmos uma batucada única, dança da ‘pópia’, que, em outras paragens, também é conhecida como kazukuta. É isso que nos caracteriza como grupo”, contou.
Avançou que os altos e baixos nunca enfraqueceram a organização e garante que estão preparados para esta edição de 2024, que traz consigo o retorno às competições a nível da província do Namibe, três anos depois.
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