Opinião

A resiliência do Carnaval em pleno século XXI

Depois do desfile da classe infantil e dos grupos da classe B, a partir de hoje, as atenções concentram-se nos preparativos do Desfile Central, a ter lugar amanhã, no “carnavalódromo” de Luanda, na Nova Marginal, num esforço que se quer perene, com as devidas inovações e adaptações, para a preservação da maior manifestação cultural de Angola.

12/02/2024  Última atualização 09H16

É "Carnaval, não leve a mal”, como se diz em linguagem popular, parte do refrão de uma conhecida canção que espelha o momento que antecede e sucede a festa de Carnaval.

 É verdade que, passados, exactamente, 46 anos desde à histórica primeira edição da festa do Entrudo, designada, naquela altura, de Carnaval da Vitória, as sucessivas edições conheceram importantes modificações em função dos vários contextos que Angola viveu.

Há quem se lembre e guarde, com nostalgia e ao mesmo tempo profundo agrado, os tempos em que o Carnaval arrastava, de facto, mais multidões do que qualquer outra manifestação cultural e desportiva.

Os grupos faziam, verdadeiramente jus ao "instrutivo” do primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto, segundo o qual era preciso que os conjuntos resgatassem o legado dos grupos antigos, tais como Cidrália, Invejados, associações que "mitificaram” figuras como a rainha Mamã Lalá, Cafuxi, mestre Desliza, apenas para mencionar.

Os grupos União Mundo da Ilha, União Operário Kabocomeu, União Kiela, União 10 de Dezembro, os extintos Feijoeiros de Ngola Kimbanda, Angola e Cuba, Avante FAPLA, entre outros, transformaram as ruas de Luanda e a Marginal em verdadeiras pistas de dança.

Hoje, há uma geração nova, grupos que se reinventaram, se adaptaram e, sobretudo, inovaram ao ponto de garantir a sobrevivência e continuidade das agremiações que existem até hoje. Urge estudar formas de manutenção da maior manifestação cultural do país, com iniciativas que sirvam para acautelar a componente económica e comercial, quer para dar auto-suciência aos fazedores do Carnaval, quer ainda para proporcionar ao Entrudo formas próprias de se impor na nossa sociedade, em pleno século XXI.

Acreditamos que os grupos de Carnaval e as instituições do Estado como o Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, a APROCAL, os grupos carnavalescos e outros parceiros estão conscientes dos actuais desafios que enfrenta a festa popular e serão capazes de forjar soluções consentâneas com a realidade.  

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